terça-feira, 15 de julho de 2014

Rota do Ouro Negro

A PR 8 - Rota do Ouro Negro - de Arouca é uma pequena rota que dá a conhecer os caminhos de montanha que ligam o lugar de Fuste à aldeia de Rio de Frades. Dois locais da freguesia de Moldes separados por 6 km de distância e duas horas e meia de tempo. 

Chegada a Fuste


PR 8 - Rota do Ouro Negro 
Março e Junho de 2012


A Rota do Ouro Negro, uma vez feita em travessia, pode ter início em Fuste ou em Rio de Frades. Aqui, marco o início no lugar de Fuste, junto ao coreto situado no largo da capela de Santa Catarina. É, neste local, que a PR 3 - Caminhos do Sol Nascente (já descrita no blog) - cruza-se com a PR 8.

A PR 8 segue, em comum com a PR 3, uns 150 metros. E é, ainda, na aldeia de Fuste que a Rota do Ouro Negro toma caminho para o lugar de Pedrógão, onde os caminheiros depara-se com o primeiro desnível descendente acentuado. Todo cuidado é necessário para ultrapassar o trilho íngreme e estreito. 

Placa informativa da PR 8 junto ao coreto de Fuste


Início no largo da capela de Stª Catarina
Março de 2012


Saída de Fuste em direcção a Pedrógão


Escamação da rocha em "casca de cebola"


Ainda, em Pedrógão, os caminheiros deparam-se com a escamação da rocha em "casca de cebola", que surge da disjunção esferoidal da rocha. Este fenómeno traduz-se em blocos de quartzodiorito que apresentam uma forma arredondada e resulta da fragmentação em camadas da periferia para o centro. Com o tempo, os blocos ficam mais pequenos e redondos provenientes da libertação das escamas mais extremas.

Atingida a estrada asfaltada de Pedrógão, é tempo de abandoná-la logo de seguida e imergir por estradões florestais e caminhos montanhosos em direcção às minas da Pena Amarela. Nesta próxima etapa, descobrem-se as bocas de muitas minas abertas de forma ilegal, aquando a II Grande Guerra, para proceder à extracção de volfrâmio. 

As minas da Pena Amarela são a próxima etapa


Boca de uma mina inactiva de extracção de volfrâmio

Ribeiro da Covela a descer a encosta montanhosa

Ponte de madeira sobre o ribeiro da Pena Amarela

O volfrâmio extraído, noutros tempos, era vendido aos alemães. E estes, por sua vez, utilizavam o minério no fabrico de armas e munições. Hoje, a PR 8 dá a conhecer as encostas que desvendam as bocas das minas, que ficam para trás aquando da chegada a uma ponte de madeira. Por aqui, correm as águas do ribeiro da Pena Amarela.

Antes da ponte, já é possível avistar a formação de cascatas do ribeiro de Covela. Este desce por um leito em escadaria e termina no ribeiro da Pena da Amarela. Já depois da ponte, preparem-se para um desnível ascendente elevado e carregado de obstáculos. Mas nada de desistências pois a aldeia de Rio de Frades está à espera da chegada de caminheiros.

A última etapa a atingir é a aldeia Rio de Frades


Até Rio de Frades encontram-se desníveis descendentes algo moderados e uma grande área de mata com pinheiros e eucaliptos. Já na aldeia observam-se casas de xisto cobertas por lousa e o percurso termina junto à capela local. E é também no largo do lugar de Rio de Frades que tem início a PR 6 - Percurso do Carteiro (já descrita no blog) - de Arouca.

À entrada da aldeia de Rio de Frades


Informação disponível no largo da aldeia de Rio de Frades


Na aldeia de Rio de Frades, os visitantes e/ ou caminheiros lêem numa placa informativa: «Estacione aqui o seu carro/ Percorra a pé a aldeia e descubra os seus mistérios e encantos». É uma óptima recomendação já que o melhor é caminhar e, pé ante pé, deixar um rasto pela montanha e pelas aldeias espalhadas num nada grandioso. 

É tempo de percorrer a PR 8 em sentido contrário


Outro exemplar de uma boca de mina inactiva


Uma vez que o percurso é linear, à chegada a Rio de Frades os caminheiros têm de inverter o trajecto da PR 8 para regressar ao ponto de início da rota. Seis quilómetros de ida e seis de volta que perfazem, no total, 12 km de distância. Sendo assim, deixa-se para trás a aldeia e retoma-se caminho em direcção as minas da Pena Amarela. Segue-se Pedrógão e, por fim, Fuste. 

Tabuleta de orientação perto das Minas da Pena Amarela


Fuste e Pedrogão à vista


Pedrogão e Fuste separados por um desnível acentuado


Fim da PR 8 junto à capela de Fuste
Junho de 2012


As fotografias apresentadas correspondem ao ano de 2012 (ver acima fotogaleria), mais concretamente Março e Junho. Por duas vezes, eu e o FJD, percorremos a PR 8. A primeira posso descrever como uma aventura em busca de uma tarde de convívio numa caminhada de desníveis "pouco significativos", que, mais tarde, revelam-se algo acentuados.

O bom de tudo é sempre a união do Homem à Natureza e meio envolvente. E, como um dia os 'pilhas' foram à procura do 'ouro negro', hoje os caminheiros desfrutam do meio rural, montanhoso e florestal, do ar puro, da água límpida dos ribeiros e da flora que envolve as bocas das minas da Pena Amarela. Motivos mais que suficientes para deixar a sua pegada na Rota do Ouro Negro.

Para findar, deixo mais uma sugestão de caminhada e um novo desafio (a concretizar). Que tal sair um dia bem cedo de casa, partir em direcção a Fuste e, de lá, começar a percorrer a PR 8 até Rio de Frades? E, deste segundo ponto, rumar até Cabreiros pelos trilhos da PR 6? Bela proposta, não? Dois percursos lineares de 6 km, que a contar com a ida e volta totalizam 24 quilómetros.  

Aventurem-se!

Um até já,

TS

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