quarta-feira, 2 de julho de 2014

Rota das Tormentas

É 5 de Janeiro de 2013 e a manhã está gelada. O destino a percorrer é a PR 5 - Rota das Tormentas - de Arouca. Uma pequena rota linear, de oito quilómetros, com início junto à capela de Janarde ou à capela de Silveiras pois é realizada em travessia. Ao todo, com a ida e a volta, contam-se 16 km de trilho.

Sinais reveladores de uma manhã gelada


Aqui, a orientação seguida coloca a localidade de Janarde como local de partida. Esta freguesia situa-se na bacia do rio Paiva, a 20 km da vila de Arouca, e tem 1746 hectares de área. Aquando da II Grande Guerra, foram exploradas, nesta zona, 13 minas de volfrâmio e os sinais de exploração de minério ainda permanecem visíveis.

PR 5 - Rota das Tormentas


Capela de Janarde


À entrada de Janarde, uma placa informa: "Estacione aqui o seu carro/ Percorra a pé a aldeia e descubra os seus mistérios e encantos" (ver acima fotogaleria). Pois bem, carro estacionado e o relógio marca, na partida, 9 horas. Saímos do largo da capela de Janarde e mergulhamos à descoberta das 'Tormentas'. 


3,1 km é a distância que separa Janarde de Meitriz


Neste percurso, caminhamos por trilhos rurais, de floresta e de montanha. E, antes mesmo de avançar com a descrição, deixo a indicação de que a Rota das Tormentas é, para quem está a começar nas andanças das caminhadas, um pouco dura. Falo dos desníveis descendentes e ascendentes algo acentuados e, ainda, do piso montanhoso que tem muita pedra à mistura.

Parque de merendas junto à praia fluvial de Meitriz


A pouco e pouco, o sol aquece um nadinha o dia gélido e chegamos a Meitriz, uma aldeia tradicional que integra o programa "Aldeias de Portugal". O xisto e a lousa cobrem as casas do lugar, que vê passar as águas do rio Paiva, antes deste descer até Janarde. Aqui, os visitantes, sejam caminheiros ou não, têm ao seu dispor uma praia fluvial e uma área de lazer e de merendas. Basta atravessar a ponte de Meitriz, inaugurada a 8 de Setembro de 2001, e entrar no lugar de Além-do-Barco.

Aldeia de Meitriz


Uma vez em Meitriz temos de subir e rumar até à aldeia de Cortegaça. São cerca de 3 km. Nós, FJD e TS, como somos aventureiros, decidimos fazer a travessia entre as aldeias por um ramal do percurso, a PR 5.1. Resultado: metemo-nos numa grande alhada! O caminho, em questão, precisa de uma manutenção valente e valentes fomos nós pois calcamos tojo, silvas, carquejas e arvoredos sempre montanha acima.

Ao abandonar a PR 5.1 restam 500 m até Cortegaça

Chegada ao lugar de Cortegaça


Mas, conseguimos, e vale a pena chegar ao topo e olhar para baixo. A vista sobre o rio Paiva é magnífica e a satisfação é grande. Estamos a 500 metros de Cortegaça e a 3.3 km de Silveiras, o outro extremo da pequena rota. E é de Cortegaça a Silveiras que enfrentamos, mais uma vez, pisos complicados. Libertos, mas de muito pedregulho.

Capela de Silveiras

Silveiras e Cortegaça separadas por 2,8 km


Passados os trilhos de montanha, entramos numa calçada da aldeia de Silveiras. Chegamos e estamos bem perto da capela, onde os caminheiros, se preferirem, podem também iniciar a Rota das Tormentas. Bem, é tempo de voltar e abandonar a aldeia, utilizando o mesmo caminho. É entre Silveiras e Cortegaça que atingimos o ponto mais alto da rota, a portela da Malhada com 646 metros de altitude.

Perto de Cortegaça, entramos numa estrada de asfalto, por onde já passamos, mas que, na volta, vamos segui-la, por mais tempo, até Janarde. O motivo prende-se com o facto de termos realizado a PR 5.1 e, daí, acabarmos por não repetir uma parte do percurso, ao longo do regresso, ao ponto de partida.

Percorridos 2 km após a saída de Cortegaça

Para Janarde resta um quilómetros e meio


São 16.30 horas e o Paiva acompanha o findar da Rota das Tormentas. Este é o maior rio que atravessa as terras de Arouca e, esperem um pouco, falo já, mais alguma coisa, sobre este encanto do percurso. O Paiva banha o vale das zonas mais fundas de Janarde, que são delimitadas pela freguesia de Alvarenga.

Rio Paiva


Noutros tempos, o rio aproximava a população de Janarde à freguesia vizinha e vice-versa sempre que as águas permitiam a travessia de barco. Caso contrário, as pessoas tinham de percorrer dezenas de quilómetros para ir de um ponto a outro. Hoje, as estradas asfaltadas e os carros facilitam o complicado.

Águas do Paiva de passagem pela praia de Meitriz


Mais, o Paiva está catalogado como o rio menos poluído da Europa e serve de pista para a prática de canoagem e de rafting. É um rio, exclusivamente, português. Nasce a sul de Moimenta da Beira e desagua nas águas do rio Douro junto à Ilha dos Amores, em Castelo de Paiva.

Braveza das águas do Paiva


As águas do Paiva são bravas e, uma ou outra vez, é que decidem fazer uma pausa para agradar aqueles que, no Verão, usufruem das praias fluviais da Paradinha, Areinho, Janarde, Meitriz, Vau e Espiunca. As suas margens estão repletas por uma vasta vegetação que dá um ar de graça à braveza do rio. Às vezes, a sensação é a de que o Paiva corre desesperado para alcançar o Douro.

Tenho dito e fica, aqui, mais uma sugestão de caminhada.

Aventurem-se!

Um até já,

TS






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